Ontem visitando o site Miss News do querido Roberto Macedo encontrei essa linda matéria escrita pelo também querido Daslan Melo Lima sobre o Dia do Missólogo Brasileiro.
Fiquei feliz e lisonjeado pois me considero um missólogo e um "guardião da história" dos concursos de beleza com o blog.
Compartilho com vocês o texto que explica a criação deste dia e uma entrevista sobre o assunto com o jornalista Roberto Macedo, o maior missólogo do Brasil.
Daslan Melo Lima
Há dias consagrados para tudo, ou quase tudo, no Brasil e no mundo: Dia do Amigo, Dia do Soldado, Dia do Gari, Dia do Professor, Dia da Mentira, etc. Eu nunca ouvi falar no Dia do Missólogo. E tenho certeza absoluta que você também nunca ouviu, pois não existe. Pelo menos não existia até esta edição de PASSARELA CULTURAL. A partir de agora, ouso criar um dia para celebrar nossa paixão pelas Misses, paixão que também é sua, prezado leitor, prezada leitora, da SESSÃO NOSTALGIA: 25 de Agosto.
Por que o 25 de agosto como Dia do Missólogo?
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Brício de Abreu |
Para responder à pergunta, precisarei focalizar a figura de Luiz Leopoldo Brício de Abreu, ou simplesmente Brício de Abreu, jornalista, poeta, crítico teatral, escritor e dramaturgo nascido no Rio Grande do Sul, em 25 de agosto de 1903, e falecido no Rio de Janeiro, em 16 de fevereiro de 1970. Foi ele a personalidade que me inspirou a criar o Dia do Missólogo Brasileiro. Abaixo, um pouco da sua trajetória profissional extraída da Wikipédia.
Com o poeta Álvaro Moreyra (1888-1964), também gaúcho, Brício de Abreu criou Dom Casmurro, a mais importante revista literária da época. Apesar das dificuldades, chegou a vender 50 mil exemplares semanalmente, número surpreendente para o Brasil daquela época, um país com 30 milhões de habitantes e altíssimos índices de analfabetismo. Posteriormente, ainda nos anos 1940, Brício dirigiu também a Comoedia, revista mensal de teatro, música, cinema e rádio.
Ao longo de sua vida, constituiu um vasto acervo de documentos e material fotográfico referente a artistas que participaram ativamente da vida musical brasileira. A Coleção Brício de Abreu veio a constituir a maior parte dos documentos digitalizados pelo Cedoc - Centro de Documentação e Informação em Arte da Funarte, que visa a preservação da história da música, sobretudo da música popular. Outra grande parte da coleção encontra-se na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Casou-se duas vezes: primeiro com Maria Desmurs (carece de fontes] e, depois, com Odette Veiga, sua companheira nos últimos trinta anos de sua vida.
Brício de Abreu trabalhou na organização de concursos de beleza, em Paris, de 1929 a 1935, e, anos depois, no Rio de Janeiro. Algumas de suas obras: “Por Experiência", teatro, 1919”; “Evangelho da Ternura”, poesia, 1921; “ A mais forte”, romance, 1922; “Uma Lágrima de Amor”, teatro, 1922; “ A Eterna Comédia”, teatro, 1924. “Eleonora Duse no Rio de Janeiro”, crítica, teoria e história literárias, 1958. “Esses Populares tão Desconhecidos”, teatro, 1963.
Brício de Abreu e as Misses
Em reportagem da revista O Cruzeiro, Ano XXXVII, Nº 33, de 22/05/1965, Brício de Abreu contou que organizou com Maurice De Waleffe (1874-1946) concursos de beleza em Paris, de 1929 a 1935, e anos depois no Rio de Janeiro. Em 1930, coordenou o certame que teria seu final no Rio de Janeiro, para o Concurso Internacional da Beleza (Miss Universo) daquele ano. Em 1932, ao lado de jornalistas brasileiros que trabalhavam em Paris, elegeu, entre onze moças brasileiras residentes na capital francesa, a Miss Brasil 1932, Yeda Telles de Meneses, filha da célebre cantora Julietta Teles de Meneses.
Além de organizar com muito zelo concursos de beleza no Brasil e no exterior, Brício de Abreu amava e tinha paixão pelo mundo Miss.
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Brício de Abreu com candidatas ao título de Miss Universo 1932 |
Você sabe o que é um missólogo?
O Mais que Miss conta para você!
Para entender melhor este universo, Andréia Reis, Miss Santa Catarina, semifinalista (Top 12) no Miss Brasil 1985, entrevistou o jornalista, arquiteto e missólogo baiano, Roberto Macedo, editor do site Miss News, http://www.missnews.com.br/, autor da biografia da Miss Universo 1968, Martha Vasconcellos.
ANDRÉIA REIS - Roberto, qual a origem da palavra missólogo?
ROBERTO MACÊDO - Acredito que ela surgiu em 1987 quando eu fui convidado para uma entrevista na TV Itapoan em um programa preparatório do Miss Bahia. O produtor, Carlos Borges, irmão da apresentadora, Hélide Borges, disse que não sabia como me chamar. Foi então que ele sugeriu o termo "missólogo". A partir dali, passaram a me chamar de missólogo em todos os programas que eu participava.
ANDRÉIA REIS - E o que é um Missólogo?
ROBERTO MACÊDO - O missólogo é o estudioso dos concursos de misses. Assim como existem psicólogos, antropólogos, geólogos, existem missólogos. É quem pesquisa, quem busca o conhecimento decorrente dos concursos de beleza, pois não se resume ao desfile a escolha de uma miss. Há todo um envolvimento social, político, econômico. Uma miss conta com a participação do seu meio, sua família, seus amigos, seu clube, seu município, seu estado, seu país. Há os componentes econômicos, como a sede do concurso, os patrocinadores, as transmissões por TV, rádio, internet, etc. Também podemos observar os interesses políticos de lançar uma candidata, de sediar o evento, de usar o título de uma miss para promoção. Há questões relacionadas com cirurgias plásticas, sexo, religião, racismo. Ou seja, um concurso de miss é o retrato do momento sociopolítico de uma coletividade.
ANDRÉIA REIS - Quais foram os primeiros missólogos brasileiros?
ROBERTO MACÊDO - No início eu me sentia um ET. Não conhecia mais ninguém que gostasse dos concursos de beleza como eu, de forma científica - diria até assim. Com o tempo, conheci um missólogo colombiano fruto de uma carta que enviei para a revista Cromos. Ele me colocou em contato com o alagoano Expedito Barros (um dos maiores do Brasil). Daí o grupo foi crescendo, e, com o advento da internet, descobrimos que não somos ETs, rssss. Há muitos missólogos em todo o mundo.
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Roberto Macedo |
ANDRÉIA REIS - Existem regras?
ROBERTO MACÊDO - Não. Alguns se interessam mais pelo fato social, outros pelos indicativos de uma época, outros pelas estatísticas. O importante é que cuidem dos concursos com esmero, procurando tirar todas as lições possíveis para que se possa entender uma época. É de grande importância separar o missólogo do treinador. De uns tempos para cá, pessoas que não sabem nada da história dos concursos, mas que ensinam a miss a se maquiar, a desfilar, a posar, têm se auto-denominado missólogos. Não, esses não são missólogos. São treinadores de misses.
ANDRÉIA REIS - Qual o perfil de um missólogo?
ROBERTO MACÊDO - Os mais variados. Creio que há um componente comum a todos: são inteligentes (modéstia à parte rssss). São profissionais que cuidam das suas vidas, geralmente bem sucedidos nas suas profissões e têm nos concursos de beleza um hobby muito importante ao qual dedicam boa parte do seu tempo.
ANDRÉIA REIS - Qual a importância dos missólogos para a história dos nossos concursos?
ROBERTO MACÊDO - Acredito que a importância maior está em ser um guardião da história. O missólogo guarda com cuidado e conhecimento técnico o acontecimento. É uma testemunha. E faz com que as rainhas da beleza sejam eternamente lembradas, homenageadas, festejadas. Devemos sempre saber quem fomos para sabermos o que queremos ser.
"Um povo sem história é um povo sem futuro", finaliza Roberto Macedo.
Fonte: http://passarelacultural.blogspot.com/2018/08/sessao-nostalgia_18.html
Créditos das imagens e texto no link acima.
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